sábado, 1 de dezembro de 2007

Guetos, Corpos e Essência (Norma Esther Negrete Calpiñeiro)




Cansa-me o fato de bordejar em mares bravios
E cais vazios.
Desanima-me escalar morros violentos
E muros cinzentos.
Entristece-me a solidão das calçadas
E o pão ganho aviltado.
Permaneço encarcerada em guetos invisíveis
Onde prossigo sem atingir meu destino.
Tenho lucidez, porém traçaram-me um viés.
Sou sagaz, com cor definida, porém tornam-me transparente.
Para não ser intransigente.
Pertenço a uma etnia conhecida, porém me rotulam.
Para sentir-me exoticamente excluída
Querem além de meu corpo, minha alma.
No entanto prossigo para alcançar meu destino.
Tenho voz e quero ser ouvida,
Anseio enxergar a continuidade do caminho.
Pretendo que a luta secular não impeça,
A liberação da minha natureza.
E que a projeção de minha essência produza transformações
Aniquilando elos, muralhas, abismos e preconceitos.

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