quarta-feira, 27 de julho de 2011

MARCHA DAS VADIAS, SBPC, CONGRESSO DA UNE, E O CPM/UBM-GO A TODO VAPOR.

A semana de 13 a 17 deste mês foi de intensa atividade para o CPM, Demorei a postar este texto porque passei alguns dias refletindo. Necessitei deste momento para não escrever palavras muito ufânicas,porque terminei essa jornada muito empolgada com nossa luta feminista.

Falo isso porque a convicção de luta para ultrapassar os limites desiguais da realidade, principalmente para nós mulheres, ás vezes é solitária nos meandros da auto convicção e preparo da ação, mas não se faz sem encontro e sem se tornar coletiva, aliás essa é uma conta que não se encerra nunca pois sempre precisamos de mais e mais pessoas convencidas. Desta forma, quando encontramos momentos onde se concretizam canais coletivos de expressão de nossas convicções e lutas precisamos extrair deles o que de melhor podem oferecer.

Realizou-se em terras goianas o 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes e também a 63ª Reunião da SBPC, estes dois eventos transformaram Goiânia em um caldeirão de debates, onde pudemos posicionar bem o nosso pensamento enquanto feministas, a partir da realização da marcha das vadias, assim como realizarmos atividades que dessem o recado da União brasileira de mulheres ás várias meninas do Brasil todo que participavam do congresso.

Então no dia 14 começamos realizando uma oficina de cartazes que seriam utilizados na marcha, era para essa oficina ser ralizada na Praça Universitária, mas o que se viabilizou foi que a mesma ocorresse horas antes da saída da marcha das vadias no Campus II da UFG local onde ocorria a SBPC.






Nós do CPM começamos a “flertar” com essa marcha bem antes de sua chegada ao Brasil, por entender que a mesma nos possibilitaria um bom canal de comunicação com a sociedade pautando vários temas importantes á luta feminista, essa é uma marcha essencialmente contestadora mo machismo que estrutura as relações sociais, pois é por esta construção ideológica que não poucas pessoas continuam a apregoar que decote, saia curta, enfim a exposição do corpo da mulher justifica que a mesa seja violentamente atacada.

Quando a marcha começou a acontecer por aqui fomos monitorando e tomamos a iniciativa de ir à marcha em Brasília, embora no mesmo dia também ocorresse uma ação no FICA na cidade de Goiás, para então iniciarmos junto com outros grupos feministas goianos a discussão sobre a realização da marcha em Goiânia.

As primeiras propostas apontavam a realização da marcha na SBPC, o que envolveu várias professoras e professores da UFG, Por conhecer o potencial agregador do Congresso da une fizemos uma proposição ousada onde seguiríamos em carreata até a praça universitária terminando a marcha em um ato no Congresso da UNE.

MARCHA DAS VADIAS, UMA MARATONA

Com, muita irreverência, principal característica desta marcha, no espaço da SBPC, demos uma volta no Campus entrando pela facomb, IESA, ICB até chegar nos salões onde se reuniam os cientistas, as pessoas foram se juntando, as palavras de ordem se multiplicando, juntamos cerca de 500 pessoas que nos acompanharam até o ato que realizamos no salão de c&t da SBPC.
















Na sequencia nos reunimos novamente em frente ao palco principal e organizamos a carreata até a Praça Universitária, no caminho fomos recebendo várias manifestações de apoio da população que visualizava nossa carreata, acenos, buzinadas, gritos de apoio.








Ao chegar na praça a agitação foi total e outras pessoas aderiram á marcha, já era noite e nosso pique continuava, então, em passeata, demos uma volta na Praça universitária encerrando com um ato político que contou com a participação de entidades e parlamentares.







TERMINADA A MARCHA, HORA DE DEBATES

O debate da diretoria de mulheres da UNE estava lotado e foi ali que foram distribuído os primeiros 150 panfletos da UBM . o debate foi acalorado e teve quem chamasse o panfleto da UBM de “Folhinha burguesa”, este detalhe fez com que brotassem várias falas em defesa da cidade e que pudéssemos visualizar várias meninas para realizarmos uma reunião ao final dos debates.




Nós da ubm pautamos a necessidade de a une incorporar a pauta do movimento feminista em suas lutas e propusemos que concretamente a entidade se posicionasse quanto ao movimento da marcha das vadias. Tal proposição gerou o encaminhamento da realização de uma marcha no dia seguinte após a mesa oficial do debate de mulheres.

Diante disto nos comprometemos e garantimos outra oficina de cartazes para se pudesse dar um bom visual á marcha. Cerca 40 jovens de 16 estados nos procuraram pegaram nosso material para distribuir e deixaram seus contatos, boa parte destas meninas militantes da União da Juventude Socialista e algumas já organizadas diretamente na UBM em seus Estados.





O RÍTIMO ACELERADO CONTINUOU...

No dia seguinte ás 09:00 iniciou-se o a mesa de mulheres que contou com Paula Falbo na mesa, falando pela UBM, Nalu Farias, Louise Caroline, Fabíola, Maria, e uma outra moça representando as teses de oposição.




O debate foi intenso, passou pelas pautas conjunturais de posicionamento dos direitos das mulheres e da luta feminista, as exposições tocaram em pontos como a violência, a imposição do machismo, a necessidade da luta feminista se comunicar com causa socialista, o aborto, e ainda vária bandeiras de luta próprias das universitárias, como o acesso a creches nas universidades. Todas as componentes da mesa ressaltaram a importância de a UNE continuar incorporando a as questões feministas em sua agenda política e pauta de lutas, de continuar estruturando a participação das mulheres em sua diretoria e demais fóruns do movimento estudantil.











O debate foi bastante qualificado e apontou a a pauta de ação da diretoria de mulheres, ao final, por volta das 13hs:00min. mais uma vez o congresso da Une visualizou uma marcha das vadias, essa com bem menos gente caracterizada mas com bastante participação e inclusive participação de vários meninos.













A marcha adentrou o refeitório onde os/as congressistas se alimentavam aos gritos de “ quem não pula é machista, “te cuida te cuida te cuida seu machista, a América latina será toda feminista”, vem, vem pra luta vem contra o machismo! E ainda: a nossa luta é todo dia venha para marcha das vadias.

CONVERSA COM TRABALHADORAS E TRABALHADORES DA CTB.

Congresso da UNE possibilita muitos encontros, e neste pudemos conversar com o movimento sindical. Parafraseando Louise, uma das expositoras do debate de mulheres, que cumprimentou a tod@s presentes dizendo esperar que dessa vez os meninos se incluíssem no todas, quero começar ressaltando a participação das mulheres no debate ocorrido na tenda da CTB, onde mais haviam homens que mulheres. Compartilhei a exposição com a Ana Rita Castro, presidenta do Conselho da mulher em Goiás, tratando da atuação das jovens mulheres no sindicalismo.



Foi um bom debate onde se apontaram propostas de trabalho conjunto entre a entidade e a UBM, e as discussões giraram em torno da necessidade da ampliação da participação das mulheres no movimento sindical e ainda a necessidade de se operar uma renovação geracional tanto no movimento sindical como no movimento feminista, apontando que mais diálogo entre os movimentos e as entidades que neles atuam é fundamental.

UM ESPAÇO COM SUAS CONTRADIÇÕES

Mesmo com um clima favorável ao debate, o congresso da une apresentou algumas contradições , no mesmo dia em que aconteceu o debate e mulheres aconteceria à tarde um debate sobre o código florestal, que seria coordenado pela diretora Maria das neves, tal debate foi literalmente implodido pelos grupos de oposição que contrários á aprovação do código e também á realização do debate utilizaram de uma tática violenta e absolutamente machista para impedir a sua realização.

Quando a coordenadora quis apaziguar o ambiente para iniciar o debate, depois de muita gritaria escutava-se claramente um coro que a chamava de puta, o que constrangeu a todos e depois de muito empurra-empurra, onde foi agredida a presidenta da UEE do amazonas, os estudantes contrários a este debate deixaram o local.

No dia seguinte, pela manhã a estudante do Curso de Teatro da Universidade Federal do Maranhão Daiana Roberta Silva Gomes foi agredida por um grupo de jovens da União Estadual de Estudantes (Maranhão) demonstrando o quanto ainda é preciso avançar para a participação da mulher nos espaços da entidade pois muitas vezes os espaços de debate terminam alterando seu sentido político ao se transformado em campo de batalha e de truculência e, por último, em espaço em que a as divergências são levadas ao extremo da covardia.

Esses episódios refletem a necessidade de repensar as atitudes de algumas lideranças do movimento estudantil, uma vez que violência contra mulher é crime!!!

Este episódio inverte o que tem sido o ambiente de discussão da entidade, e encontraria reação no dia seguinte, pois as mulheres do movimento pra transformar o sonho em realidade ao qual pertencia todas as meninas agredidas realizou uma grande manifestação no plenário de votações onde se distribuíram fitas lias para quem é contra a violência e vários cartazes repudiavam a violência contra a mulher. No entanto, mesmo com todos estes protestos a diretoria da UNE não se posicionou sobre o ocorrido.

Estamos colaborando no acompanhamento da denuncia que deste episódio feina na delegacia da mulher em Goiás, para que se possa transferir a apuração dos fatos e tudo seja regularmente apurado conforme a legislação vigente.

DE TUDO FICA O APRENDIZADO

Esse foi o sexto congresso da une que acompanhei, e pela primeira vez pude ficar observando coisas que em outros não tive a oportunidade de fazer. É de se destacar que desta vez estivemos mais organizadas enquanto UBM e pudemos intervir concretamente neste espaço, embora ainda haja o que melhorar.

A atuação da juventude na UBM precisa ganhar cada vez mais destaque, e para tanto precisamos ampliar os canais de diálogo e ações em conjunto com a União da Juventude Socialista, criando os espaços necessários e incorporando várias meninas nos trabalhos da UBM.

É impressionante como se tem avançado os posicionamentos, a organização e a qualificação das meninas, o congresso da une foi exemplo disto. Duas questões devem ser apontadas como indicativo deste avanço quais sejam, a participação na UBM mesa com uma jovem, e a presença da diretora de juventude da UBM na mesma mesa, o que aponta que nossas jovens assumem o protagonismo da ação política, e ainda o fato de termos estabelecido uma linha orientada em nossas intervenções no Debate, garantindo que no discurso de cada menina estivessem presentes as bandeiras de luta de nossa entidade. Em outros espaços, nos últimos seis congressos em que participamos, ainda não tínhamos esse nível organizativo.

No entanto, os episódios de violência ocorridos dão o tom do que as mesmas enfrentam para garantir seu espaço político e precisamos nos somar á esta luta estudantil ajudando a repensar em uma perspectiva feminista estes espaços, para que efetivamente as meninas exercitem sua participação sem ter que enfrentar formas violentas de cerceamento.

É absolutamente importante pressionarmos para que haja um posicionamento da Diretoria da UNE quanto aos episódios de violência e que continuemos nossa interlocução com espaços como o Congresso da UNE, as Conferencias de Juventude pois o movimento feminista das próximas gerações precisará, e muito desta energia.