domingo, 12 de junho de 2011

8 º CONGRESSO DA UNIÃO BRASILEIRA DE MULHERES


Na manhã deste sábado (11) o debate sobre a participação das mulheres na política e no mercado de trabalho foi pauta no 8º Congresso da União Brasileira de Mulheres (UBM), que ocorre até domingo (12) em Praia Grande (SP). A conferência “Participação política da Mulher e o novo Projeto Nacional de Desenvolvimento” contou com a participação da secretária da questão da mulher do PCdoB, Liège Rocha, e a representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) Beatriz Helena Matté Gregory.

Beatriz apresentou dados sobre a feminização da pobreza. Ela informou que nas cidades brasileiras 56% dos pobres são mulheres. A representante da APM fez questão de apresentar também o recorte étnico, relatando que 70.8% dos pobres no país são negros e negras. “Como a ministra tem dito, a pobreza neste país tem sexo e tem cor”, afirmou.

Ela defendeu que as políticas sociais para as mulheres são uma responsabilidade do Estado e explicou que essas políticas devem ser marcadas pela intersetorialidade, “pois a questão da mulher está ligada a questões de trabalho, de educação, de saúde, etc. e precisam ser assumidas pelos governos”.

Autonomia

Beatriz explicou que a SPM tem levantado como eixo central a luta pela autonomia das mulheres, como condição inclusive para aumentar a participação política delas. “Elegemos uma mulher e temos agora 11 ministérios puxados pelas mulheres. Isso é extremamente significativo e simbólico para nós. Mostra que a mulher pode, como disse a presidente Dilma”, disse.

Segundo uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo, explicou Beatriz, 78% das mulheres brasileiras hoje dizem que se sentem capazes de governar o nosso país em qualquer instância e 80% dizem que compreendem a importância da participação política. Para a representante da FPA, isso precisa se refletir na representação no Executivo e no Legislativo.

“A compreensão de que aos homens é reservado o espaço público e às mulheres o privado é naturalizada e faz parte do processo educacional da nossa sociedade patriarcal”, disse Beatriz, problematizando a questão da mulher continuar sendo a única “cuidadora” mesmo quando assume o papel de “provedora”, antes reservado aos homens.

Reforma Política

No final da sua intervenção, Beatriz defendeu financiamento público e lista fechada com alternância de gênero na Reforma Política e arrematou: “precisamos das mulheres na ciência, na cultura, nas artes, na comunicação, produzindo na cidade, nos campos, nas florestas , nos rios. Para isso, precisamos mudar as condições objetivas da participação das mulheres.

Precisamos de protagonismo, mulheres à frente dessas lutas. Como a ministra falou na ocasião do 8 de março, quando as mulheres transformam a sua situação, a sua vida, elas também transformam a vida do nosso país. Para ter um país justo, seguramente temos que trazer o conjunto das mulheres para participar dessas lutas na construção do nosso país”.

Projeto nacional de desenvolvimento

Liège Rocha concentrou sua intervenção na participação das mulheres na construção do projeto nacional de desenvolvimento: “a implementação de um projeto nacional de desenvolvimento exige nação forte, para isso é preciso uma ampla participação popular e a UBM tem um papel importante a jogar, fortalecendo a organização e a mobilização das mulheres”, afirmou.
A dirigente do PCdoB listou algumas tarefas e desafios fundamentais no sentido de construir o projeto de desenvolvimento almejado pelas militantes da UBM, dentre os quais a efetiva democratização do país, com garantia de acesso a cidadania, aos direitos sociais a toda a população. Liège defendeu a laicidade do Estado e a garantia da universalidade dos direitos sociais. “Não podemos conviver com racismo, homofobia e intolerância religiosa”, completou.
Para Liège, apesar dos avanços, as mulheres continuam discriminadas no trabalho e permanecem sub-representadas nos espaços de poder. Ela disse, ainda, que “não é possível pensar desenvolvimento sem soberania e defesa da nação” e defendeu a integração solidária do Brasil com os outros países da América Latina.

Por fim, ela falou sobre a Reforma Política: “conquistamos 5% da verba partidária para capacitação das mulheres e 10% do tempo de TV. Ainda não conquistamos a punição para o não cumprimento da cota de 30%. Precisamos cobrar dos partidos que ao menos cumpram isso”, disse para em seguida provocar: “precisamos estar atentas a estas conquistas, pois queremos chegar ao poder”. Ela defendeu também a lista partidária fechada com alternância de gênero.

De Praia Grande (SP), Luana Bonone

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