quinta-feira, 25 de março de 2010

terça-feira, 23 de março de 2010

VII ENCONTRO ESTADUAL DO CENTRO POPULAR DA MULHER DE GOIÁS


O Centro Popular da Mulher realizou nesse último final de semana seu VII Encontro Estadual, que contou com a participação de um grande número de pessoas, mulheres sobretudo, que vieram de diferentes bairros de Goiânia e cidades do interior como Paraúna. Foi um Encontro cheio de muitas reflexões sobre a condição da mulher, suas conquistas e desafios; uma oportunidade de relembrar os 25 anos de existência da Entidade e sua luta em prol do direito de viver as diferenças com direitos iguais.

Nesse Encontro também foi empossada a nova diretoria do CPM, sendo Ana Carolina Barbosa - advogada,  a nova Presidenta  e Lis Caroline- jornalista, a vice-presidenta.


quinta-feira, 11 de março de 2010

Centro Popular da Mulher de Goiás, 25 anos de Luta




CPM   25   ANOS    NO     CENTENÁRIO   DO    8 DE MARÇO



Tudo começou com a garra e a vontade de algumas mulheres. Mulheres guerreiras, lutadoras, conscientes e politizadas.  Mulheres inconformadas com as desigualdades, indignadas com as injustiças, intolerantes diante da violência e do preconceito.

São vinte e cinco anos cheios de muitas batalhas e conquistas, de muitas lutas e vitórias, de muitas dificuldades e superações. Nesses anos, várias mulheres passaram pelo CPM, trazendo suas contribuições e deixando suas marcas, mas depois se foram, seguir novos rumos e ideais.

Outras mulheres foram se achegando e ficando, pois encontraram no CPM um espaço ideal na luta contra todo tipo de injustiça.

O Centro Popular da Mulher de Goiás tem resistido em meio as adversidades, tem erguido suas bandeiras de lutas, tem conquistado respeito como organização da sociedade civil, graças a vontade dessas mulheres que fizeram e fazem desse espaço, uma arma poderosa contra as desigualdades de gênero e contra todo tipo de violência cometidas contra a mulher.



Companheiras que sabem da importância de levar cultura e conhecimento às excluídas, empoderar as mulheres, proporcionando-lhes formação política, conscientizado-as de seus direitos e potenciais. Enfim, mulheres de diferentes origens, cores, idades, orientação sexual, formação, profissão e partidos políticos, TODAS unidas pelo mesmo desejo: um mundo em que se possa viver as diferenças com direitos iguais.

Dessas muitas mulheres, algumas são, desde início, as principais responsáveis pela existência do Centro Popular da Mulher de Goiás e por sua importante atuação nos diversos segmentos da sociedade goianiense, goiana e brasileira, eu falo de:

ELINE JONAS – Mulher, feminista, socióloga, professora, liderança nacional respeitada por sua atuação nos movimentos de mulheres.





LÚCIA HELENA RINCÓN - Mulher, feminista, historiadora, professora, guerreira, militante incansável pelos direitos da mulher e pela igualdade nas relações de gênero.




RITA APARECIDA – Mulher, feminista, biomédica, companheira, dedicada e comprometida na luta pelo empoderamento e emancipação das mulheres.



MULHERES, tantas outras que também fazem do Centro Popular da Mulher de Goiás uma referência no Movimento Feminista, um lugar de apóio para mulheres vítimas de violência, um espaço de discussão e aprendizado, de democracia e formação, de cultura e lazer, enfim, uma CASA de portas e corações abertos a todas as mulheres, tanto às que necessitam ajuda, quanto às queiram ajudar.




PARABÉNS MULHERES QUE FAZEM PARTE DO CENTRO POPULAR DA MULHER DE GOIÁS NOS SEUS 25 ANOS.

Uma homenagem de Letícia Érica

quarta-feira, 10 de março de 2010

Trabalhos de artista do Ceará são doados a União Brasileira de Mulheres

Arte, interação, questões sobre gênero, emancipação e ações coletivas
 no fazer artístico são elementos recorrentes nos trabalhos de arte do artista do Ceará
 que é um dos fundadores do Coletivo Camaradas.
O trabalho deverá circular o Brasil, através da UBM.

O artista cearense, Alexandre Lucas tem um trabalho de engajamento político e de comprometimento com as causas populares na sua arte. Prova disso é a sua preocupação no seu fazer artístico e o seu desprendimento com a posse de suas obras. Recentemente Lucas doou a União Brasileira de Mulheres – UBM toda a exposição “Ousadas”. O acervo consta de 20 gravuras digitais (infogravura) no tamanho 60cm x 80cm. A exposição Ousadas tem uma proposta de interação com o público. O artista ressalta que é necessário possibilitar e criar condições para que o grande público se sinta parte do fazer artístico. O trabalho reúne ainda fragmentos de textos do movimento feminista de caráter emancipacionista e deverá circular pelos estados brasileiros, através de uma ação da entidade brasileira chamada “Caravana Ousadia”.
A exposição tem um caráter político e visa fazer uma reflexão sobre o papel da mulher na contemporaneidade e evidenciar a importância da luta do movimento feminista enquanto instrumento de emancipação humana.
Para Lucas as obras com a UBM são mais úteis para a discussão sobre gênero. Os trabalhos de produção das obras foram financiados pelo Centro Cultural do Banco do Nordeste e a exposição esteve exposta no período de junho a agosto deste ano no Centro Cultural do Banco, em Sousa-PB.
Alexandre Lucas é um dos fundadores do Coletivo Camaradas, organização que reúne artistas, pesquisadores e pessoas ligadas a arte que tem o intuito de discutir e propor ações artísticas com e para o grande público. O Coletivo tem com base teórica os estudos marxistas sobre arte e estética. Lucas, é pedagogo, arte-educador, poeta, artesão, artista visual, articulador cultural e atua profissionalmente na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Regional do Cariri - URCA , através do Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC.



Coordenadora da União Brasileira de Mulheres, Eline Jonas fala sobre a Caravana Ousadia e do trabalho de Alexandre Lucas


Eline Jonas possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (1973) e doutorado em Ciencias Politicas e Sociologia - Universidad Complutense de Madrid (2002).

Atualmente é Profª. Titular da Universidade Católica de Goiás, Consultora Ad Hoc da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás, Presidente Conselho Estadual da Mulher - CONEM/ Secretaria de Estado de Políticas P/ Mulheres e Promoção da Igualdade Racial e Suplente do Conselho Nacional de Saude (CNS)/ Ministério da Saúde. Coordenadora Nacional da União Brasileira de Mulheres/UBM. Tem experiência em pesquisa na área de Políticas Públicas, Saúde Coletiva, com ênfase em Saúde da Mulher, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, trabalho, cidadania, direitos humanos, globalização.



Como a senhora vê a doação da exposição Ousadas do artista Alexandre Lucas?

Eline Jonas: Trata-se de uma atitude que demonstra o despreendimento e o forte compromisso social de Alexandre. A União Brasileira de Mulheres/UBM, terá esse precioso acervo para "conversar"/dialogar com as mulheres nos Estados, nos locais/oficinas de discussões ou representações de cenas do cotidiano na perspectiva emancipacionista. Cabe destacar que nos esforçaremos para construir diferentes formas de fazer/estar, principalmente junto aos setores populares e de trabalhador@s que, em geral tem poucas oportunidades de acesso a produção artística em todos os níveis. Participar de iniciativas como esta implica-nos organizar os espaços onde as pessoas se manifestarão, conforme propõe o autor.

São iniciativas como essa que verdadeiramente contribuem para o pensar/o dialogar, numa sociedade fragmentada e com maior desvantagem para as mulheres e negros e despossuidos alargando as estatísticas da exclusão social. Haverá oportunidade das pessoas expressarem de diferentes formas o sentimento despertado frente a obra. Procuraremos ampliar esta divulgação por meio de artigos a serem veiculados pela Revista Presença da Mulher e por outros órgãos de comunicação das cidades brasileiras.

Procuraremos estabelecer uma Rota Cultural emancipacionista em parceria com Instituições Universitárias, salas publicas de exposição e divulgação nos meios para oportunizar as pessoas a traduzirem em palavras, frases o sentimento despertado pelos traços e cores da obra, naquilo que ela lhe toca quando identificamos nós mesmos e a resultante de nossas vidas. Por outro lado, neste caso, reflete a confiança do artista no compromisso e trabalho político da UBM que também comunga com os ideais da igualdade entre homens e mulheres e lutamos por uma sociedade justa e igualitária..

O que senhora achou da proposta deste trabalho?

Eline Jonas: Trata-se de um conteúdo em movimento - uma atitude/ação socializada que se multiplicará geometricamente por meio de centenas de olhares, mãos feministas e de setores sociais preocupados com a situação de violência , discriminação e preconceito em relação as mulheres. Oportunizará um público diversificando a interagir com sua mensagem por meio dos olhares e sentidos desde as diferentes Regiões do Brasil.

A nosso ver a arte possibilita a cada qual observá-la a partir
de seu lugar no mundo fazendo a leitura ou traduzindo
a partir de seus traços regionais a "criação" para seu cotidiano vivido e sonhado.

A UBM já desenvolve alguma ação aonde relacione Arte x Mulher?

Eline Jonas: A UBM atua no Brasil com cinco pontos de cultura envolvendo outras formas de expressão da arte - dança, coral, teatro.

Qual será o destino desta exposição? Já tem locais previstos para exposição? Quais os estados?

Eline Jonas: Neste pouco tempo, já fizemos alguns contatos com as Ubemistas dos Estados para esboçarem um plano em cada local para definirmos datas e quem estará responsável pela caravana cultural OUSADIA.

Qual o papel da arte para emancipação da mulher?


Eline Jonas: A arte nos envolve emocionalmente e nos incita a reflexões/ações sobre o mundo, a natureza e as relações sociais e de gênero, principalmente quando se trata de pessoas que suportam as reduzidas oportunidades, a dura vida da dupla jornada de trabalho, com salários mais baixos e como únicas responsáveis pelos cuidados e sobrevivência de suas famílias. Mas, que resistem a tipo de preconceito ou dificuldades colocadas por um mundo moldado pela ideologia machista, patriarcal fundada na propriedade privada e na naturalização da desigualdade social e de gênero, que valoriza o Ter e não o Ser. A arte e as manifestações culturais constituem em um importante instrumento que alimenta emoções, consciência sobre a realidade - o grito percebido pelo "olhar" - um quesito fantástico que contribui para nossa humanização, portanto para o desenvolver da condição humana.

Maria da Penha está entre 3 melhores leis


A Lei Maria da Penha, que tornou mais rigorosas as penas contra crimes de violência doméstica, é considerada pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) uma das três leis mais avançadas do mundo, entre 90 países que têm legislação sobre o tema.

Em vigor desde 2006, a lei trouxe várias conquistas, entre elas facilitou a tramitação das ocorrências de violência doméstica e familiar contra mulheres com a criação de juizados e varas especializadas. A primeira foi criada em Cuiabá, onde atualmente existem duas varas, cada uma com cerca de 5 mil processos em tramitação.

Segundo a juíza Ana Cristina Silva Mendes, da 1ª Vara de Cuiabá, a implantação da lei aumentou o registro de ocorrências. “As pessoas estão convencidas de que dá resultado, que não acaba em cesta básica. Hoje se prende por ameaça, antes que vire homicídio. Bater em mulher era cultural. Estamos mudando essa cultura”, afirmou a juíza.

Já a promotora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Gênero Pró-Mulher do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MDFT), Laís Cerqueira, destaca que a Lei Maria da Penha esbarra no aspecto punitivo. “A sociedade ainda não consegue ver a violência doméstica como um ato de violação aos direitos humanos. Temos uma legislação avançada. Garante-se a proteção, mas há dificuldades no aspecto punitivo. Existe resistência em se punir o homem como autor da violência.”

A mulher vítima de agressão deve se dirigir a uma Delegacia Especial para Mulheres (Deam). Após o registro, a delegacia tem 48 horas para encaminhar a ocorrência ao juizado ou à vara especial que terá prazo igual para analisar e julgar o caso. Segundo a promotora, hoje as mulheres podem registrar ocorrências policias de forma tranquila e pedir medida de proteção, como o afastamento do marido do lar, a proibição de contato e da visita aos filhos e a perda do porte de arma. Entretanto, em alguns casos, os prazos de tramitação da ocorrência não são cumpridos e muitas mulheres desistem da acusação.

“Na prática esse pedido (de medidas de proteção) não é avaliado pelo juiz sem ter uma audiência com a mulher, para verificar qual o tipo de agressão, se é realmente necessário tirar o homem de casa. Isso, na minha avaliação, já é uma violação à lei”, argumentou. (AB)

Fonte: http://www.ohoje.com.br/cidades/09-03-2010-maria-da-penha-esta-entre-3-melhores-leis/

terça-feira, 9 de março de 2010

Os 100 anos do 8 de março

Ato Público do Centro Popular da Mulher de Goiás - CPM/UBM
8 de Março - 2010

Enquanto escrevo, mulheres iguais a ti acordaram mais cedo. Talvez com aquela ansiedade que antecede as batalhas nem tenham tido tempo ou paciência para passar manteiga no pão ou batom nos lábios. Andam apressadas, correm, “coração disparado”, pois hoje é o 8 de março. Para que este 8 de março novamente houvesse quanto trabalho foi preciso! Gerações e gerações mantiveram a jornada pela emancipação das mulheres e, neste ano, o 8 de março chega a seu centenário. O mundo mudou bastante, muitos foram os avanços, mas ele permanece velho e arcaico. Persistem as iniquidades do capitalismo, e as mulheres – apesar das conquistas – seguem vítimas de atrocidades e preconceitos.

Desde que assinei a ficha de integrante do contingente de construção do mundo novo, passei a conhecer essas mulheres iguais a ti que – de um elevado de um teatro, ou de cima de uma cadeira ou de um caminhão, ou às vezes mais altas tão somente pelo salto alto das sandálias – argumentam com paciência, ou a impaciência de quem é alvo da surdez da sociedade (e muitas vezes dos(as) próprios(as) companheiros(as) e camaradas); nos sacodem com voz doce ou estridente; enfim, nos apresentam a verdade de que não haverá mundo novo se as mulheres continuarem vítimas de violências, preconceitos e discriminações.

Essas mulheres iguais a ti nos dizem que, sim, libertar o proletariado e a humanidade da opressão de classe com certeza é uma grande e bela obra. Mas essas guerreiras e princesas do porvir, essas mulheres iguais a ti, nos dizem que, todavia, nada será realmente belo se as mulheres continuarem sendo tratadas como na época das cavernas.

Em Goiânia, conheci um “abrigo de mulheres”, muros altos, soldados à porta, refugiadas com a prole à volta, privadas da liberdade, foragidas da violência de seus maridos, espancadas, queimadas, ali exiladas, pois se retornassem ao lar seriam vítimas de uma violência ainda maior.

Há uma gravura de um artista plástico judeu, Gershon Knispel, que retrata Olga Benário Prestes nos campos de concentração da Alemanha. Está altiva, mas pálida e triste... Dá vontade de pular para dentro da gravura para libertá-la, para que amamente Anita, para que alimente a luta.

Olga, bela, brava, culta, nos olhos o verde manso e doce das folhas de cana. O nazismo a considerava uma ameaçava. Ela atravessou o Atlântico a mando do amor e da luta de classes, mas a Gestapo tinha garras longas. Nem a largura do oceano foi o bastante para protegê-la. Foi entregue grávida à ditadura de Hitler para perecer num campo de concentração nazista. Esse talvez seja o crime que mais bem simbolize a violência política do Estado Novo.

Quantas Olgas estão adormecidas em nossas milhões de Marias? Um mundo novo, de fato, só poderá ser edificado se as mãos sensíveis e mágicas dessas milhões de Marias despertadas participarem de sua conquista e construção.


Por - Adalberto Monteiro
*Jornalista e poeta. Presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios